I went on a trip to Mexico. Mexico is all handmade. I was in Oaxaca, in the south of the country. I saw ceramic objects at a local street fair. I was enchanted and asked the vendor who had made those pieces. Several families from the region close to the city.

The next day I went to the outskirts of the city and spent an afternoon talking to the grandfather of one of the families that keeps the ceramic traditions there alive through the generations.

I talked to him as if we were childhood friends. A childhood of hands, of materiality, which is independent of language, but has a language and love in common, love for the earth and dealing with it.

He carried the complete cycle with his hands, went to the riverbed in places where he already knew there was clay. He sifted with his hands, with a sieve, separated, separated and prepared the clay, kneaded, kneaded, kneaded. There comes a point where you can use it. He does what he has in his head with his hands, waits for it to dry, builds the oven, prepares everything to burn. Burn, wait, open. Let it cool. There, from beginning to end, the entire ancestral cycle takes place there, grandchildren and children have seen everything, but they will not be the continuous thread of this line. Who knows the neighbor?

May the points of this thread, of this line, continue in its continuity. The line also reverberated in me, and I continue from where I am, with each preparation, our conversation, the good one that has no end, but did have a beginning.

Ana Freitas / Oaxaca, Mexico, 2019
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ARTIST'S WRITINGS / ESCRITOS DA ARTISTA
Mexico
México
Fui numa viagem ao México. O México é todo feito à mão. Estive em Oaxaca, ao Sul do país. Vi numa feira de rua local, objetos em cerâmica. Fiquei encantada e perguntei ao feirante quem havia feito aquelas peças. Várias famílias da região próxima à cidade.

No dia seguinte fui à periferia da cidade e passei uma tarde conversando com o avô de uma das famílias que fazem vivo o elo das tradições em cerâmica de lá, através das gerações.

Conversei com ele como se fossemos amigos de infância. Uma infância das mãos, da materialidade, que independe da língua, mas tem uma linguagem e um amor em comum, amor pela matéria terra e o lidar com ela.

Ele trazia com suas mãos o ciclo completo, ia no leito do rio nos lugares onde já sabia ter argila. Peneirava com as mãos, com a peneira, separa, separa e prepara o barro, amassa, amassa, amassa. Chega num ponto pra usar. Faz com as mãos o que tem na cabeça, espera secar, faz o forno, prepara tudo pra queimar. Queima, espera, abre. Deixa esfriar. Ali se faz, do início ao fim, todo ciclo ancestral de lá, netos e filhos viram tudo, mas não serão o fio contínuo dessa linha. Quem sabe o vizinho?

Que os pontos desse fio, dessa linha, sigam em sua continuidade. A linha também reverberou em mim, que continuo de onde estou, a cada preparo, a nossa conversa, daquela boa que não tem fim, mas teve sim um começo.

Ana Freitas / Oaxaca, México, 2019
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